Fernando de Noronha

A ilha de Fernando de Noronha é um fenômeno de beleza do nosso planeta. Por sorte, fica no Brasil. Um conjunto de ilhas, a maior com 17km², com impressionante concentração de praias espetaculares. A expressão “imperdível” se aplica perfeitamente.

A viagem de avião é tranquila. Cerca de hora e meia a partir de Recife num turboélice. A ilha fica mais perto de Natal, mas os voos saem de Recife. A ilha pertence ao Estado de Pernambuco. Há dois requisitos importantes que devem ser previamente providenciados para não perder tempo na chegada ou durante a estadia. O primeiro é inevitável. Trata-se da taxa de permanência na ilha. Custa cerca de US$40 (R$193 em janeiro de 2024) por dia que cada visitante vá ficar na ilha. Se não comprar antes pela Internet, tem que pagar no aeroporto e perder tempo de férias enfrentando fila na chegada. A outra taxa tem a ver com o meio ambiente. Você precisa pagar se quiser ir nos passeios que ficam dentro de áreas de preservação. Fique certo, você vai fazer alguns deles. Os passeios importantes demandam que a taxa tenha sido paga, logo…

Transporte
Noronha tem ônibus, táxi, bicicleta (comum ou elétrica) ou carro alugado. Usei muito o táxi. Tem muitos e atendem rápido as chamadas. Funcionam bem. O telefone celular opera bem na ilha com poucas áreas de sombra. Corridas curtas (a maioria delas são curtas) sai por US$5 (R$25 de janeiro de 2024). O táxi na chegada do aeroporto para o hotel ficou US$9 (R$45).

Aluguei carro para alguns dias da estadia. Chegamos na ilha e fomos a pé conhecer as praias mais perto de nosso hotel. Depois usamos táxi. Nos dias de fizemos trilhas ou passeios de barco utilizamos táxis. Só depois, pegamos o carro que havíamos alugado antecipadamente. Carro é conforto significativo. A facilidade de locomoção com direito a ar condicionado é uma delícia. Peguei um pequeno Jimmy, Mitsubishi, com tração nas quatro rodas. Uma delícia para as ladeiras de terra que a gente encontra na ilha. Não tem problema para estacionar nas praias. Mas, atenção: Tem Lei Seca em Noronha. Todo dia assistíamos os guardas parando o povo na rua, na Vila dos Remédios. Não vi prender ninguém, mas parava muita gente.

Estão aparecendo muitos carros elétricos na ilha. O objetivo declarado é que até 2030 só haja carros elétricos circulando. Bonita proposta alinhada com a questão ambiental. Fica uma dúvida. A energia elétrica da ilha é em grande parte produzida por gerador a diesel. Não entendo bem como é essa coisa de trocar o carro movido a gasolina pelo carro elétrico cuja bateria foi carregada com energia elétrica gerada consumindo óleo diesel. Curioso.

Onde ficar
A primeira vez que fui, no século passado, fiquei no finado Hotel Esmeralda, que usava uns galpões da área da Aeronáutica como quartos de hotel. Era muito simples, mas a natureza já estava lá, era a mesma de hoje.

Agora, em 2024, fiquei numa pousada simples, mas honesta. A Pousada do Dodó, fica bem situada, na Vila dos Remédios. Um quarto de bom tamanho, com boa cama King, uma cama para o filho pequeno, roupa de cama limpa, bom ar-condicionado e bom banheiro. É o que se precisa para descansar depois dos dias tomados de passeios.

Noronha ficou sofisticado. Tem pousadas cheias de recursos e com preços impressionantes. A Pousada do Vale se enquadra nesse tipo. Se quiser (e puder) gastar, a Pousada do Vale é a pedida. Bem situada, oferece SPA, piscina, belos quartos e seu restaurante é votado no TripAdvisor como o melhor da cidade. Confirmei. É muito bom.

Praias
A brincadeira em Noronha é visitar e curtir as praias. A paisagem varia. O mar muda de cor. As ondas também são diferentes em cada uma delas. É uma lista respeitável. Vejamos de leste para oeste:
Praia do Porto de Santo Antonio: onde fica o porto onde atracam os navios que trazem as mercadorias de consumo da ilha e de onde saem os passeios em escunas e catamarãs. As águas tranquilas dessa praia são boas para um mergulho de fim de tarde. De manhã, ficamos brincando no mar acompanhados de pequenos tubarões (50cm). Show. No mar na frente do porto há um navio naufragado que é visita padrão para ir de snorkel ou no mergulho de garrafa. Além disso, a praia é ponto de partida para passeios em canoa havaiana ou em curiosa bicicleta para andar no mar.
Praia do Meio e Praia do Cachorro: Duas praias pequenas separadas por rocha que avança para o mar. A Praia do Cachorro é mais perigosa e é point do surf. A Praia do Meio oferece boas condições para o banho de mar e dá para pegar boas ondas de peito. Entre a praia do Meio e a próxima, Conceição, fica o Bar do Meio Noronha. Apesar do local ser tipicamente turístico (o que não é turístico em Noronha?), com bela vista para as duas praias, sua comida é boa. Camarão, moqueca, polvo etc.
Conceição: uma praia grande com agito dos jovens. Quando fui tinha até torneio de futevôlei. Perto da Vila dos Remédios. Se você ficar hospedado por ali, pode deixar as coisas no hotel no dia da chegada e ir curtir o por do sol.
Boldró, Americano e Bode: Sequência de belas praias, com menos fama que as queridas dos turistas. Isso é que dá ficar bem junto das mais famosas.
Praia da Cacimba do Padre e Praia dos Porcos: o visual da Cacimba tem as duas pedras típicas da paisagem Noronha. No canto da praia, um caminho subindo nas pedras permite fazer a travessia para a belíssima praia dos Porcos, que oferece combinação de água cristalina e pedras de corais. Uma das mais belas imagens de Fernando de Noronha.
Praia do Sancho: a mais nobre das praias de Noronha. Frequentadora assídua da lista das mais belas praias do mundo. Isolada, é limitada por um paredão de pedra. Para acessá-la por terra é necessário descer por escadarias encravadas numa fenda na Rocha. Não tem dificuldade, mas dá solenidade à chegada à praia. Outra maneira de chegar é através do passeio de barco padrão que percorre toda a costa oeste da ilha e faz uma parada no Sancho para mergulho com snorkel em suas águas transparentes. De novo a expressão: “imperdível”.

Do outro lado da ilha temos:
Praia do Atalaia: Chega-se numa trilha fácil de 20 a 30 minutos de caminhada. Famosa piscina para flutuar com snorkel vendo a fauna local. Precisa reservar o passeio com antecedência para poder boiar por 30 minutos curtindo peixinhos e eventuais tubarões mirins.
Praia do Leão: Talvez rivalize em beleza com a decantada Sancho. Na chegada, um belo mirante para as fotos e uma descida bem cuidada para curtir o mar. Uma rocha no meio da extensão de areia cria boas piscinas para os turistas se banharem. É boa opção quando o swell interditar as praias do norte da ilha. 
Sueste: Linda praia em formato de curva perfeita. Se o mar estiver forte do outro lado da ilha, seu mar tranquilo é convidativo. Um acidente envolvendo tubarão e banhista, interditou a praia para mergulho. Sobrou o passeio na areia.

Trilhas e caminhadas
Há várias caminhadas para explorar os recantos e chegar em suas belas praias.

Trilha de Atalaia (curta): Passeio que visita a Praia de Atalaia. Uma caminhada de menos de meia hora e chegamos a praia de Atalaia, onde uma caprichosa piscina permite mergulhar por 30 minutos cronometrados pelo pessoal do parque. A piscina retém peixes coloridos, pequenos tubarões e tartarugas. Conforme a sorte, você vai vê-los todos. Nosso grupo viu de tudo. A caminhada de volta é tranquila. Há uma caminhada maior, de duas horas, que deve exigir mais dos praticantes.

Trilha do Golfinho-Sancho

Chegando por terra à Praia do Sancho, há um centro turístico com lojinha, café, chuveiro para refrescar os turistas. A partir daí, um caminho leva até o Mirante dos Golfinhos, com vista espetacular e a possibilidade de ver os golfinhos no mar de manhã. A partir daí, a trilha segue margeando a beira do escarpa até chegar ao ponto de descida para a Praia do Sancho. Duas escadas de 20 e 15 degraus, no meio das rochas dão um pouco de emoção e devem disparar reações nos claustrofóbicos.

– Trilha do Morro São José
O passeio pode ser a pé ou a nado. Começa na Ponta do Air France. A trilha a pé é feita por faixa de pedras que fica à mostra com a maré baixa. Há que ter atenção com o horário para administrar a subida da maré. A trilha leva a piscinas naturais que são destaque da ilha. Eu perdi esse passeio. O swell subiu as ondas e o passeio foi interditado. 

Passeios
– Passeio de Barco
Numa escuna ou num pequeno catamarã, esse passeio é a marca de Noronha. Os golfinhos nadam do lado do barco. Tem o mergulho na Praia do Sancho. Em cerca de 2h, você visita toda a costa da ilha. Tem que fazer.

Comida
Noronha oferece bom número de restaurantes de qualidade. Pratiquei o padrão de US$100 (R$500 em janeiro 2024) por refeição para um casal e um filho de 10 anos. É caro. Dá pra comer por menos, mas gastei um pouco para aproveitar as férias. Esse custo de refeições incluía eventuais caipivodkas ao preço módico de R$50 (US$10). Vale investir nos pratos de camarões ou polvo. Mas a picanha também veio com boa qualidade.

A cozinha criativa do Maré é boa surpresa. Uma mistura de cozinha havaiana com outras orientais produzem bons pratos. O polvo de lá foi o melhor da ilha. Os restaurantes de Noronha oferecem poucas opções de sobremesa. O pudim do Chica da Silva impressionou bem. Para comer pizza, solução simples depois do dia de praia, nos viciamos no La Bella. Boa pizza e bom serviço que são recompensados com filas diárias na porta. O restaurante Pico Noronha foi o top da viagem. Local agradável e comida excelente. Tapas saborosas, macaxeira frita deliciosa, risoto de camarões saboroso e boa picanha para as crianças.

Jericoacoara

Jericoacoara vale a visita. O famoso destino turístico fica a cinco horas de Fortaleza, indo de carro, que é a maneira típica de chegar. Para quem vem do sul, tem voo direto de São Paulo e Minas. É a melhor maneira de ir. A viagem se completa com um transfer de 40 minutos até o centro da cidade.

Hotel Blue Residence

Fiquei no hotel Blue Residence. Boa pedida. Os quartos são amplos, com cama de casal, sofá cama (perfeito para uma criança) e cozinha. Ótima localização, em frente à praia e a boa distância da duna mais famosa, onde o povo se reúne para reverenciar o por do sol, com direito aos tradicionais aplausos ao final da performance diária do astro rei. Ao lado do Blue, fica o chique Essenza, com piscina de borda infinita e mais piscinas particulares nos quartos. Pra quem quiser gastar (diária a R$ 3 mil em julho de 2022) é bom investimento.

Jeri oferece opções interessantes para as refeições. Perto do Blue Residence, há duas boas opções de restaurantes: Pimenta Verde e Pescador, um em frente ao outro. As grandes pedidas são as moquecas e camarões de várias formas. O atendimento costuma ser lento. Adote um estilo “super cool” e vá em frente. Como curiosidade, o restaurante Tamarino fica ali por perto e é muito bem recomendado. Tentei ir lá duas vezes. Chegava 19h e já estava enchendo. Meu grupo era grande. Ficou para a próxima. Em tempo: o hotel Blue Residência tem restaurante com o pé na areia de boa qualidade. O prato de lagosta chamado Trio do Mar e a lula com arroz negro batem um bolão. Tudo isso, olhando o mar brincando de subir e descer a maré.

A night em Jeri é famosa. Fiquei fora dessa. Meu estilo foi aproveitar a praia, fazer passeios e comer e beber. A cidade oferece bom comércio para bijuterias locais e roupas de praia de bom gosto. As mulheres podem se divertir nas lojas. Os passeios clássicos de Jeri são os óbvios: passeio do Leste e passeio do Oeste.

O primeiro – passeio do Leste – é legal. Visitamos uns poços, que os locais chamam de buracos. São grandes piscinas naturais com entradas pagas e infraestrutura para beber e comer. No final, fomos na travessia de jangada na Lagoa Azul. Bom almoço com camarões de grande porte. O sol forte incentiva a prática de ficar em mesas de bar semi submersas na água, quase um esporte típico da região. Também tem a Lagoa do Paraíso, com o sofisticado Alquimista, mais segregado, paga-se para entrar. Não fui.

O passeio do Oeste é mais curto e focado nas dunas. Bonitas vistas e emoção com o bugre andando nas dunas.

A imagem de cartão postal de Jeri é a Pedra Furada (veja foto de abertura do post). Entre junho e julho, o sol se põe no buraco da Rocha, na beira do mar. Formam-se filas para fazer a foto histórica na hora do pôr do sol, fotos que vão alimentar os sedentos Instagrams da galera. Fiz bom programa. Saindo da praia na frente do hotel Blue Residence, segui os caminhos pela praia e morros até chegar na bela mas modesta Pedra Furada. Foi caminhada de 40 minutos (2,5 km), sem maior dificuldade, que oferece belos visuais. Para completar o programa de turista raiz, voltei de charrete pro hotel. Uber regional com preço dinâmico de 30 reais. Show.