Centro [Rio de Janeiro] é bonito

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O Rio é bonito. Mesmo que a gente não cuide. O resultado é uma cidade com jeito desleixado, descuidada, mas não há como deixar de simpatizar com a Cidade Maravilhosa. No Centro da Cidade, no fervilhar do ir e vir do povo no batente diário, assistimos o pulsar da metrópole sempre lembrada por ser um balneário. É verdade que não cuidamos de nosso quintal. Olhamos o mar soberano ou as montanhas replantadas da Tijuca e nos convencemos que de nada mais precisamos. E deixamos o Centro a sua própria sorte. O resultado é um Rio mais humano, com o vigor de sua gente espelhado em cada esquina. O carioca que move a cidade está ali.

o tradicional Edifício De Paoli:

No Centro, as regras do espaço urbano são vagas ou não existem. A gente vê na prática como é o “cada um por si”. É a luta diária que não quer obstáculos. A sobrevivência tem que ser cuidada cada dia. Os espaços devem ser disputados e os trocados devem ser conseguidos. Não há tempo para maiores civilidades.

a bela Rua São José:

O carioca está cada dia mais orgulhoso do Rio. Talvez um reflexo de haver mais empregos ou a expectativa de que eles aparecerão junto com Copa do Mundo e Olimpíada. O povo se sente eleito. Mas a realidade cobra preço alto. Continua tendo que ser conquistado o próximo jantar. O empreendedorismo é executado com vigor. Os camelôs agitam o ar com seus gritos. O chão é coberto de tapetes de capas de software pirata. É a viração, ô mané, qué que tu queria? As vagas se multiplicam em filas duplas ou triplas. O trânsito se enforca aos poucos. É uma ação entre amigos. O abastado tem que ter um lugar para deixar seu carrão. O guardador resolve o problema. Somos mais espertos que Singapura ou outro recanto bem falado, que impede o cidadão de curtir seu carro, impedindo sua ida aos downtowns do mundo. Nossa rua é pujante, ulula, uma agitação de vida que agita a coluna vertebral do turista que sai de seu país, onde tudo está previsto, nada de novo acontece. Já nossa vida é a expressão do aleatório. Nada dá certo. A surpresa do jeitinho que funciona é fascinante. Para o turista, é o exotismo de nosso povo sob a forma de cidade.

o pitoresco mercado de rua na Praça Melvin Jones:

O Centro do Rio merece a visita. Não por um Teatro Municipal ou Convento São José. O pitoresco é se deixar levar pela gente que flui, o sangue bom nas artérias dessa cidade.

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